Pensar em pastor hoje é muito complicado, uma vez que sua imagem vai se evaporando pelo tempo, em virtude dos lobos disfarçados, ou mesmo pela própria imaturidade, ou ainda pelo extremismo religioso.
Pensar em pastor deveria ter o mesmo tom de cuidados, proteção, segurança, paz. Semelhante ao pastor do salmo 23, que leva as ovelhas às águas tranqüilas; que defende; que está presente no vale da sombra da morte. Semelhante ao pastor citado pelos evangelhos, como palavras do Mestre: que dá a vida pelas ovelhas; que deixa as 99 por causa de uma que se perdeu no caminho.
Infelizmente, porque alguns caíram no laço da corrupção, da hipocrisia e do extremismo, outros pagam sem ao menos terem culpa.
A função de um pastor é tão importante para vida da ovelha que chega ser indispensável. Mas a banalização tornou como algo simples demais, distante do seu verdadeiro significado. Como é fácil ser um pastor! Basta ter a necessidade de liderar um grupo. Basta ter alguém para indicar como pastor. Nem é necessário passar tantas horas em seminários, cursos e acompanhamentos, porque estamos num tempo da pressa, do hoje, do agora. Percebe-se que não há compromisso com a importância tão grande desta função.
Uma nova “igreja” é formada, e o seu fundador será o pastor dela. Desta sai outra congregação, que será pastoreada por um amigo próximo, mesmo sem estudo, sem experiência de gestão humana, porque o objetivo é crescer e se crescer “é de Deus” e “as portas do inferno não vão prevalecer”, por isso “não toqueis no meu ugido”.
O pastor das ovelhas não dá mais a sua vida por elas, ele as tira se achar necessário. Consome tudo que elas tem, pois o “Senhor” precisa.
O pastor das ovelhas está nas manchetes, e não é porque fez algo que beneficiou a comunidade, mas porque abusou de menores, foi pego em adultério, desvio o dinheiro da igreja, fez lavagem de dinheiro, encobriu o bandido.
O pastor das ovelhas está no conforto de sua casa, e as ovelhas no vale da sombra da morte, doentes no leito de hospitais, morrendo de fome porque o dinheiro é pouco, está desempregada, e a culpa é delas que não deu o dízimo, e se deu não foi com fé, e se deu com fé não teve propósito, e se foi com fé e propósito precisa ter paciência, porque “1 dia para o Senhor é como 1000 anos, e 1000 anos como um dia”. Tem que saber esperar. Alguns morrem neste caminho.continua....
João Batista Sousa do Nascimento
8 de setembro de 2011
