TEMA: Uma conversa sobre vocação
Atos 20.17-37
Pr. Ed Renê Kivitz
Se você teve o prazer ou o
desprazer de me ouvir nos últimos dias já sabe ou deve ter sido fácil perceber,
que eu voltei do Marrocos e do Senegal, profundamente mexido por dentro.
Profundamente tocado, na verdade, abalado, chocado, impressionadíssimo abalado.
É impossível você mergulhar na mais profunda pobreza e
miserabilidade, não apenas material, social, político e espiritual e não ser
afetado pelo o que os seus olhos viram e o seu coração registrou. Você sabe o
quão impressionado eu fiquei, com aquele casal, jovem casal, que recém-casados,
foi para o Marrocos, colocado no meio de uma família muçulmana, sem falar uma
palavra na língua árabe e foi deixado lá por tempo indeterminado, sem nenhum
vínculo, sem nenhum contato outro, senão uma família mulçumana, que a ele, o
casal, se dirigia em árabe.
Você sabe como fiquei muito impressionado com o fato
da igreja do Marrocos, com o fato de cristãos viverem isolados, não terem uma
bíblia, não terem um cuidado, um contato pastoral, não terem a sua disposição
sequer uma reunião de oração, e um ombro para o qual correr na noite da
angustia e da aflição.
Você sabe do meu incômodo, como a situação da mulher
vivendo na África negra e vivendo debaixo do Islã. Eu não sei se numa aventura
masoquista, esta semana continuei lendo o texto de “Ayaan Hirsi Ali” a virgem na jaula,
onde ela relata a condição da mulher na África e por exemplo nos conta que uma
menina que é estuprada, e depois do estupro recebe 180 chibatadas por te feito
sexo antes do casamento.
É impossível que você não seja tocado, que não seja
abalado por esta situação. E também é impossível que alguém volte de uma
experiência com esta que eu tive, na companhia do meu amigo, meu irmão Paulo
Siqueira, e eu tenho certeza que o Paulo voltou com o mesmo coração, com um
profundo senso de dívida, para com Deus, para com a vida, para com o próximo,
com um profundo senso de inadequação no mundo que nos recebe de volta. Com um
amontoado de perguntas, de questionamentos, de sentimentos que você não caia,
na volta de uma viagem missionária, não caia num labirinto de pensamentos e de sentimentos.
E também é impossível que você não volte, de uma
viagem como esta que eu fiz, sem ter assim uma ponta de vontade de ir embora de
vez, e fazer aquilo que aparentemente, realmente merece e precisa ser feito. Um
senso de inadequação no ambiente da abundância. Tendo visto e tendo tido contato
direto e imediato, com a escassez, a gente até se questiona: se nós não
seriamos mais úteis lá do que aqui. Essa sensação é incômoda.
Osvald Smith que pastoreou a igreja dos povos em
Toronto, no Canadá, ele disse que não é justo que alguém ouça o evangelho duas
vezes, enquanto milhões e milhões de pessoas, se quer ouviram uma única vez.
Multiplique isso, o sentimento que invade o coração é não é justo que milhões
ouçam o evangelho milhões de vezes, pela manhã e a noite, no radio, na
televisão, na literatura, na internet, enquanto milhões e milhões se quer
ouviram uma única vez. Não é justo.
Para lidar com este incômodo a gente se ajoelha. Para
lidar com este incômodo a gente ler a Bíblia, e graças a Deus a nossa caminhada
cristã ela é feita de joelho no chão e Bíblia na mão. Portanto, eu compartilho
com vocês hoje a noite, o que fez sentido ao meu coração, eu ia dizer eu recebi
do Senhor, o que Deus me disse, vocês sabem que não gosto destas coisas, então
eu digo o que Deus me disse na expectativa de que ele diga pra você também. O
que ele disse? Eu tive uma conversa com Deus a respeito de vocação. Porque a
minha conversa com Deus a respeito de vocação já é bem antiga e algumas coisas
eu já sabia, algumas coisas eu já havia definido, já estavam escritas na minha
agenda e no meu diário de caminhada no discipulado. E uma profunda convicção
que carrego comigo, é que uma vocação no reino de Deus é que dá sentido a nossa
vida.
O que dá sentido a nossa vida não é a nossa conversão,
é a nossa vocação.
O que dá sentido a nossa vida é a experiência de ser
útil.
O que dá sentido a nossa vida é a experiência servir.
O que dá sentido a nossa vida, sentido no duplo
sentido, isto é, sentido no sentido de direção, como quando você pergunta: qual
é o sentido dessa rua, é subindo ou descendo? Qual é a direção que se pode
tomar nessa rua? Ou, o centro fica em que sentido? Você está fazendo uma
pergunta por direção. Para onde eu vou? Eu vou para o norte ou para o sul?
Então você está procurando sentido no sentido de direção. Mas há sentido também
no sentido de significado. Quando você diz assim: isso não faz sentido.
Quando Oswald Smith diz: Não faz sentido que alguém
ouça o evangelho duas vezes enquanto milhões ouviram sequer uma vez. Ele diz:
não faz sentido. Então quando eu me pergunto sobre a existência humana, a
trajetória humana, nossa peregrinação nessa terra, eu tenho pra mim que o que
dá sentido a nossa existência é a nossa vocação. Nosso encontro com Deus nos
faz pessoas, o nosso encontro com Deus nos dá vida eterna, o nosso encontro com
Deus nos apazigua a alma, mas o que dá sentido a nossa existência é uma
vocação. O que me ajuda a tomar decisões na segunda-feira, e o que faz com que
eu acorde na terça-feira dizendo assim: olhe a minha vida tem significado, está
valendo apena. Quase que com uma pretensão dizer assim: Deus ainda faz sentido
que o Senhor me mantenha vivo. Ou lembrando da experiência de Dorcas que quando
morre as mulheres se reúnem e clamam para que ela seja ressuscitada. A vida de
Dorcas fazia sentido, tinha significado, tinha densidade, tinha peso, não
somente para ela mas também para aqueles que a sua volta estavam. Então o que
trago no meu coração é que o que dá sentido a nossa vida é uma vocação. Algumas
pessoas convertidas poderiam morrer já. Não fariam falta, não empobreceriam
nenhum contexto. Algumas inclusive seriam um grande alívio para a família, para
a igreja, para os amigos. Deus levou! Oh Senhor. Ela descansou! Nós também. Ele
descansou! Nós também. Ta que nem a história do sepultamento, no culto do
velório pastor dizendo que: este homem no caixão era um extraordinário pai, um
profissional exemplar, um marido irrepreensível. A viúva cutucou o filho: meu
filho vai ver se é teu pai que ta no caixão mesmo. Então tem gente que apesar
de convertida tem uma vida vazia, tem uma vida sem sentido. O que acontecer
amanhã ta bom. Vai vivendo, vai sobrevivendo, vai lutando para sobreviver mais
um dia.
Porque o que dá sentido a nossa vida, direção e
significado é uma vocação. É você acordar e dizer assim: eu ainda tenho uma
tarefa inacabada, eu ainda não acabei o que Deus me deu para fazer. É você
acordar e falar assim: eu sei o que eu tenho que fazer hoje. Eu sei como
administrar meu tempo, como administrar o meu dinheiro, como administrar as
minhas relações, eu sei porque dizer sim, porque dizer não, porque aceitar esse
compromisso, porque não aceitar aquele compromisso, porque ir naquela festa,
porque não ir naquela festa, com quem eu falo, a quem eu recebo. Eu sei. Isso é
uma vocação. E aí eu me coloco no lugar de tanto quantos têm uma vida vazia e
que não tem uma vocação e que tem uma vida sem sentido. E essa semana,
evidentemente, eu me coloquei de novo de joelhos e falei: Senhor, aquela nossa
conversa sobre vocação nós temos que abrir novamente. É aqui mesmo? É fazendo
isso? O que o Senhor quer da minha vida. Eu imagino que não são poucas as
pessoas que fazem perguntas. O que Deus disse pra mim? Primeira coisa que ele
disse pra mim é primeiro meu filho não se esqueça de olhar no espelho todo dia
e ver se você ta de bem comigo, ta de bem com sua consciência, ta de bem com os
outros. Não se esqueça de olhar no espelho, não se esqueça que mais do que
desejoso de usar você para que você faça alguma coisa pra mim, eu continuo
querendo fazer alguma em você, dentro de você. Você é o meu primeiro grande campo
de missão. Transformar você, mexer no seu coração, na sua cabeça, inclusive, to
gostando de você está de joelhos e fazendo perguntas pra mim colocando sua vida
de novo no altar, porque é isso mesmo, tem que ser assim todo dia. Quando eu
olho o apóstolo Paulo dizendo, vers. 8 de Atos 20, “vocês sabem como vivi todo
o tempo em que estive com vocês, desde o primeiro dia que cheguei a província
da Ásia”, então um sujeito para falar um negócio desse tem que ter a
consciência em paz. Ele ta dizendo assim: olha vocês sabem. Um texto paralelo a
este At 20.18 é 1 Ts 2.10, ele diz assim: “vocês e Deus são testemunhas de como
nos portamos de maneira santa, justa e irrepreensível entre vocês e os que crêem”.
Ele está dizendo, ele está evocando um testemunho de integridade, ele está
evocando um testemunho de santidade, ele está evocando um testemunho de irrepreensibilidade,
não é um testemunho de perfeição, porque assim todos estariam reprovados, mas
um testemunho de integridade. Um testemunho de sinceridade, de não falsidade,
de justas motivações, de puras intensões, não um testemunho de infalibilidade,
mas um testemunho de que a minha consciência está diante de Deus e que enquanto
esteve em mim e enquanto está em mim eu tenho me esforçado para viver de
maneira santa, justa e irrepreensível. Por que? Porque o que credencia uma
vocação é o caráter do vocacionado. Então se você estiver com a vida enrolada
não pergunta sobre vocação, vai se desenrolar. Não queira servir trazendo lama
para o ambiente do serviço, porque quem serve está jogando lama para fora e não
trazendo lama. Quem serve, serve porque está em condição de servir. Então por
exemplo, a gente fala assim: ah, o Fulano está se afastando, então vamos
trazê-lo para cantar aqui porque senão ele vai se afastar. Não, o serviço não é
espaço pastoral terapêutico de restauração, o serviço é para gente com a vida
desembaraçada. Então, antes de falar de vocação, Deus diz assim para mim: olhe
no espelho. Onde é que tenho que retocar, o que é que Eu tenho que mexer, que
valores refazer, que prioridades restaurar, restabelecer, o que é que eu tenho
que fazer dentro de você? Porque é muito importante que quando você se levantar
para fazer alguma coisa para mim, que as pessoas não tropecem em você, elas tem
que tropeçar em Mim. Isso eu aprendi com o meu amigo Armando Bispo, ele usou
uma frase que eu nunca mais esqueci: “quando alguém chega no contexto da igreja
de Jesus, se tiver que tropeçar em alguma coisa, que tropece na cruz do calvário.
Não pode tropeçar na vida de ninguém a ponto de cair no meio do caminho, sem
que aja tempo e condição suficiente para que a caminhada se prolongue até a
cruz do calvário”.
Então se você tem a vida enrolada, sai do palco, sai
da luz, vai se cuidar, vá se restaurar, procure ajuda, porque cada vez que você
pára debaixo do holofote a sua vida vai junto. O padre Antonio Vieira disse o
seguinte: “que o maior conceito que o pregador leva para o púlpito é o conceito
que o auditório tem a respeito dele”. Então eu tenho que andar com a vigilância
assim redobrada. Eu fico ditando regra para vocês aqui todo domingo, mas dói.
Dói bastante. A Bíblia Sagrada diz que quem ensina mais é cobrado, terá um
juízo maior do que aquele que é ensinado. Por quê? Porque quem serve tem que se
levantar e dizer “vocês são da maneira que eu tenho vivido”, vocês são
testemunhas da graça de Deus na minha vida.
Então eu faço um apelo e encorajamento a você:
Arrume-se para servir. Porque enquanto você não tiver servindo, a sua vida não
terá sentido, nem direção e nem significado. Arrume-se para servir, vai valer à
pena.
A segunda coisa que Deus me diz é que eu não devo
ficar preocupado com o que eu devo fazer pra ele porque ele é que está
preocupado como ele vai me usar. Então não precisa você ficar perguntado pra
Deus o que ele quer que você faça, porque ele está ocupadíssimo em dizer pra
você o que ele quer que você faça. Não é você que procura sua vocação, sua
vocação procura você. Não se preocupe em achar sua vocação, sua vocação vai
achar você. Se você estiver de joelhos dizendo: Deus eu quero te servir. Pode
ficar tranqüilo, Deus vai responder sua oração e quando ele responder nunca
mais você vai ficar tranqüilo. Porque Deus está ocupado em dizer para você o
que ele quer de você. Deus não desperdiça pessoas disponíveis. Quando diz
assim: eu quero servir. Então Deus diz: então vem cá, eu vou trabalhar em você,
eu vou preparar você para servir, eu vou arrumar você para servir, e eu vou
deixar bem clara para você o que eu quero que você faça. E eu vou falar uma
vez, duas vezes, três vezes, dez vezes, num lugar, em outro lugar, em outro
lugar, pela boca de um e de dois, num filme, numa fita, um folheto, um
testemunho, uma experiência, pode ficar tranqüilo porque se você estiver
disponível para Deus o Espírito Santo de Deus está ocupado em compartilhar a
vontade de Deus para sua vida. Por isso é que o apóstolo Paulo diz assim: o
Espírito Santo me diz, versículo 22, ele me diz: “que me esperam prisões,
sofrimentos em Jerusalém, e eu vou para Jerusalém compelido pelo Espírito Santo”.
Então se você está perguntando “será que eu devo”? Não deve, você não precisa
ficar se perguntando será que eu devo. Sabe por quê? Porque se você está
disponível para Deus o Espírito Santo vem sobre você com suas asas abertas, e
ele começa derramar sobre você amor, visão, ele dá entendimento, ele dá uma
compulsão, ele dá um ímpeto, e quando você vê você já foi. Você não pergunta será
que eu devo ir, você vai. Porque o Espírito Santo de Deus te leva, você não
precisa ficar gerenciando e administrando dúvidas. Quando você diz: Senhor eu
quero te servir, o Espírito Santo de Deus diz a você e ele conduz você ao
contexto do serviço, então não se preocupe. O Espírito Santo me diz de cidade
em cidade e compelido eu vou para Jerusalém. Então pode ficar tranqüilo, a sua
vocação vai achar você.
Terceiro, a sua vocação não vai ser ruim. Presta
atenção no que vou dizer para você. A sua vocação não vai ser ruim. As vezes
quando eu estava lá no Senegal eu dizia, mas eu é que não vinha trabalhar aqui
para Deus, mas é nunquinha! Nunca. Dizem que o peixe morre pela boca então eu
falava poucas vezes esse negócio, pensava assim logo desviava. Mas com Deus não
é assim. A vocação não nos violenta. A vocação não exige de nós o que nós não
temos para dá. A vocação não nos obriga a um contexto de infelicidade. A
vocação não nos obriga a conviver com gente que a gente não gosta. Vocação não
nos obriga a fazer aquilo que a gente não quer fazer. Sabe por quê? Porque Deus
não é burro. Você imagina que Deus vai me pegar e falar assim: olha eu quero
que você fique num lugar que você não gosta, fazendo uma coisa que você não
gosta para gente que você não gosta, e lhe sirva direitinho. Deus não é burro,
ele não vai fazer isso comigo, ele não é uma violência. Então a sua vocação
liga os pontos da sua vida. Veja o que diz o apóstolo Paulo quando ele fala
assim “que testificou tanto a judeus como a gregos”. Isso aqui é
importantíssimo “tanto a judeus como a gregos”, por quê? Porque Paulo foi
trabalhado desde o início, diz a Palavra de Deus, alias a compreensão dele,
Paulo, é que ele foi chamado desde o ventre da mãe dele. Deus já estava com
intenções a respeito dele e foi trabalhando e mexendo as coisas. Ele recebe o
melhor da cultura judaica, mas cresce em Tarso, que é um ambiente
grego-helênico. Ele é fariseu mas ele cresce ao pés de Gamaliel. Agora ele pode
falar tanto a judeu como a grego. Pedro não poderia. Se colocasse Pedro em
Atenas ele ia fazer uma palestra sobre redes e pescas. Em Atenas o berço da
filosofia:
–– Quem é você?
–– Aqui não dá cara. Aqui nós estamos no Areopago.
Aí levanta Saulo de Tarso.
–– Quem é você?
–– Eu sou Saulo de Tarso. Judeu, helênico, aculturado
entre os gregos, cidadão romano.
–– Podemos conversar.
––Você quer conversar em aramaico, grego, latim,
hebraico, você quer conversar em que língua?
É Saulo em Atenas. Então a sua vocação não vai
violentar você. Não tenha medo de dizer para Deus assim: Senhor eu quero te
servir, usa a minha vida, tudo que eu sou e tenho consagro em tuas mãos. Porque
a gente tem essa sensação de que quando a gente fala isso para Deus danou-se
geral. Você queria tanto fazer engenharia mas você aceitou o apelo missionário,
pronto, você não vai mais ser engenheiro. É aquela mesma sensação de que você
quer casar com a loirinha mas você fala assim, todavia Senhor seja feita a tua
vontade. Já sei que vou ter que casar com a moreninha. Não é assim pessoa, nós
temos uma noção de um Deus estraga prazeres. De um Deus que tem uma satisfação
sádica em destruir os nossos sonhos, nossos castelos, desmoronar os nossos
desejos. Deus não é assim. Ele vai trabalhando na sua vida e quando você diz
assim:
–– Estou disponível, usa minha vida eu quero viver
para te servir.
Aí Deus fala assim:
–– Bom, deixa eu ver quem é você, onde você nasceu,
que educação você recebeu, que experiência você teve na vida, o que você sabe
fazer, quais são suas habilidades, o que você estudou, o que é que você faz com
gosto, com prazer e satisfação? Como é que você se envolve com pessoas? Eu vou
encontrar um lugar exato para você. Eu estou te acompanhando desde o ventre da
sua mãe, eu sei direitinho onde te coloca, só estava esperando você dizer:
eis-me aqui, envia-me a mim. Sei exatamente onde te usar. Então não se
preocupe. No dia que você, no dia que você tiver que ir para o Haiti, servir a
Deus no Haiti, como meu amigo Gerson Gomes está indo servir a Deus no Haiti.
Tinha uma oportunidade de aceitar uma posição diplomática em Nova Iorque ou Washington,
como militar a serviço do exercito brasileiro, ele escolheu o Haiti. Eu falei:
Gerson! Se você tiver que ir para o Haiti, pode ficar tranqüilo, você vai amar
o Haiti, você vai amar o povo do Haiti. Quando você estiver Washington não vai
se sentir em casa porque você só vai se sentir em casa no Haiti. Porque Deus é
assim. A vocação não nos violenta.
Deus me disse mais: que toda vocação, seja ela qual
for, ela tem um custo, ela tem um ônus, ela trás consigo uma dor, ela trás
consigo um sofrimento. Porque, veja que interessante, “eu vou impelido pelo
Espírito, para Jerusalém, e não sei o que me acontecerá ali eu só sei que o
Espírito Santo me avisa que prisões e sofrimentos me esperam”.
Toda vocação esbarra em obstáculos.
Toda vocação enfrenta hostilidade.
Toda vocação confronta as trevas e as trevas se
levantam.
Então, em toda vocação, qualquer que seja ela,
inclusive em Washington, inclusive em Los Angeles, na California, com, por
exemplo, hoje pela manhã eu conversei e abençoei uma jovem que está indo servir
em Los Angeles, aliás eu disse para ela:
–– Você está indo servir em Los Angeles, não esqueça!
Em Los Angeles você vai encontrar uma selva tão selvagem quanto a selva que
existe no Senegal. Porque a selva do Senegal é das escassez e a selva de Los
Angeles é da abundância. Quem está no Senegal e ver aquele mundo abandonado diz
assim: onde está Deus? Mas quem está em Los Angeles e ver aquele mundo
iluminado também diz: onde está Deus?
Então não importa onde você está, não importa qual
seja o contexto, qual seja sua vocação, há uma dimensão de dor, há uma dimensão
de perda, há um custo de renúncia, há uma necessidade de disposição a lágrima,
servir ao Senhor com toda humildade e com lágrimas, At 20.9.
Aprendi mais, que a vocação é pessoal, a vocação é
minha, a vocação é sua. Você não vem na minha nem eu vou à sua. Cada um tem a
sua vocação. Porque o apostolo Paulo diz assim: “agora compelido pelo Espírito
Santo eu vou para Jerusalém e vou cumprir a carreira que eu recebi do Senhor. O
ministério que eu recebi do Senhor. Então eu tenho que ir para Jerusalém, agora
vocês não, vocês fiquem aqui em Éfeso. Vocês fiquem aqui na Ásia. Eu tenho que
levar o evangelho aos gentios vocês tem que cuidar do rebanho que está aqui. Eu
vou enfrentar hostilidade daqueles que não querem o avanço do evangelho, vocês
vão enfrentar os lobos de dentro da igreja que querem sabotar o evangelho onde
ele já foi semeado. Então cada um tem a sua. E não tem hierarquia de vocação, a
sua não é mais importante que a minha, a minha não é mais importante que a sua.
Inclusive, conta-se a história da vida de Susana Wesley, vocês sabem a história
que Susana Wesley teve uma vocação, cuidar de 19 crianças, a saber, seus 19
filhos. Susana Wesley viveu para cuidar de 19 filhos. Hudson Taylon queria
evangelizar a China sei lá quanto bilhões tem os chineses. E Susana Wesley 19
crianças. Algumas pessoas tem como vocação cuidar de uma pessoa só, a mãe
enferma. E as vezes eu fico pensando que trocaria ter que cuidar da mãe enferma
por cuidar de 800 crianças da creche, porque as vezes quem cuida de 800 não
cuida de nenhuma, quem cuida de uma, ah! Cuida de uma. As vezes a sua vocação é
ensinar, sua vocação é pregar, sua vocação é limpar, sua vocação é dar aula de
matemática. É a sua. Você tem que dizer assim: foi isso que Deus me mandou
fazer e é assim que eu sirvo ao Reino de Deus. Porque? Porque toda vocação tem
um ponto de chegada desejável, ainda que a gente não faça o que a gente faz
para que as pessoas se convertam pelo de estarmos fazendo, o que estamos
fazendo no fundo, no fundo nós desejamos que elas se convertam sim. No fundo,
no fundo tudo aquilo que eu faço como vocação eu tenho um desejo, At 20.21,
“testifiquei tanto a judeu como a grego que eles precisam converter-se a Deus
com arrependimento e fé em nosso Senhor Jesus Cristo”. Então, por trás de tudo,
ainda que não seja minha intenção, do tipo eu estou te dando esta cesta básica
porque eu quero que você se converta, não eu não estou te dando esta cesta
básica porque eu quero que você se converta, eu estou dando uma cesta básica
porque você está com fome e um ser criado a imagem e semelhança de Deus não
pode passar fome e eu vou dar uma cesta básica para você, e vou repartir o meu
pão com você até o fim das nossas vidas mesmo que você não se converta mas eu
quero que você se converta. Eu quero que você se converta porque o bem maior
que eu tenho para compartilhar com você é a luz e é Jesus que se derramaram
sobre a minha vida, ou na verdade devo usar no singular, que se derramou porque
a luz é Jesus. O que eu tenho para dar e eu darei a minha aula de matemática,
as minhas contas e a minha consultoria para o financiamento da sua casa
própria, eu darei isso por você, com dignidade, servindo a você mas eu gostaria
que lá no fundo, que você olhando pelos meus olhos e por trás disso que eu fiz
e que você diz ninguém me tratou assim ainda, ninguém fez isso por mim até
hoje, porque você está fazendo isso por mim? Que você me perguntando isso eu
diga é por causa de Jesus e eu queria apresentar Jesus para você. Porque eu
disse todo tempo, todo dia, em todo lugar, de casa em casa, publicamente, com
lágrimas, de todas as maneiras que vocês precisam se converter a Deus com
arrependimento e Fe em Jesus. E mais, o que esta palavra me diz, que qualquer
quer seja sua vocação ela vive de um princípio universal, mas “bem-aventurada
coisa é dar do que receber”. Enquanto nós vivemos para receber, a vida não faz
sentido. Enquanto nós estamos de mãos estendidas dizendo me dá Senhor, me dá
Senhor, a vida não faz sentido. A vida faz sentido, ela é bem-aventurada,
quando o pouco que eu tenho eu reparto, eu reparto, eu reparto, e eu sei que
mais bem-aventurada coisa é dá do que receber e eu faço o que faço não porque
eu quero ganhar alguma coisa com o que faço, e eu faço que faço porque me
considero um privilegiado de poder fazer. “Não cobiceis prata nem ouro de
ninguém, eu não trabalhei para ter ganho eu trabalhei para ter para dá e posso
ser contado entre os que mais doam e dão”. Essa é a fala de Paulo apóstolo que
repete a expressão de Jesus: há maior felicidade em dá do que receber. A vida
autocentrada nunca fez, nunca fará sentido porque ela é vida na contramão do
que Deus planejou para nós. Vocação é dá.
Portanto que com vocação e que fala, eu compartilho
com vocês hoje a noite.
Primeiro – ponha sua vida em ordem. Eu não estou
dizendo que Deus só vai usar você de se for perfeito, não é isso. Mas eu estou
dizendo sim que Deus usa a ferramenta em condição de uso, não é óbvio? Ponha
sua vida em ordem e considere se porventura o fato de você ainda não ter
encontrado um lugar, um espaço, um ambiente, um contexto de serviço não se
explique pelo fato de você ser servido antes de poder servir. Portanto coloque
a sua vida em ordem. Deixe que as pessoas lavem os seus pés, não tenha vergonha
dos seus pés sujos, rompa o seu orgulho, vença a sua vaidade, coloque a sua
vida em ordem para servir. Diga a Deus: Deus eu quero te servir, eu não sou
mais aquele um que está angustiado com aquela pergunta “o que você que ser
quando crescer”, porque a minha resposta já está na ponta da língua eu quero
ser servo. Eu quero te servir. Diga para Deus eu quero te servir. Qualquer que
seja o meu caminho profissional qualquer que seja minha trajetória acadêmica,
qualquer que seja o meu espaço e ambiente familiar, eu estou para te servir.
Confia em Deus que ele vai olhar para você e ele vai abrir uma gaveta nos arquivos
dele e vai dizer: tenho aqui um papel na história do meu reino que é a sua
cara, escrevi para você. Esse papel aqui é seu. Fico imaginando o apóstolo Paulo,
aqui é seu, aí o Paulo ia pegar o script:
–– oh Senhor, mas aqui tem um apedrejamento já na
página 7.
–– Mas é a sua cara.
–– Aqui tem um naufrágio na página 11. Aqui tem uma
chibatada, Senhor.
–– Mas é a sua cara, Paulo.
E confie que qualquer que seja o papel que você vai
desempenhar no Reino de Deus, lhe será uma bem aventurança, lhe será um
privilégio, lhe será uma graça, e você vai se levantar e dizer assim: Deus me
deu, como o apóstolo disse assim “Deus me deu não apenas o privilégio de
servi-lo mas também de sofrer por ele. Eu estou honrado pelo que Deus me deu
para fazer por ele, pelo que ele pediu de mim, não sou infeliz, não estou
infeliz, a minha vida tem sentido”. Aí você vai chegar no final da sua vida e
vai dizer assim: “combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé”. Eu
vivi a vida que valeu a pena, e desde agora, a coroa da justiça que me será
entregue pelo justo juiz e está a mim reservado e não somente a mim mas a todos
quanto amam a vinda do Senhor Jesus. Inverta a polaridade da sua vida, ao invés
de dizer: eu quero ser alguém na vida, diga assim: eu quero me dá para alguém
na vida. Eu tenho muitos sonhos que vida conspira ao meu favor, diga assim: eu
tenho muitos sonhos de servir, dá, de repartir, compartilhar. Porque mais bem
aventurada coisa é dá do que receber.
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